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sábado, 15 de outubro de 2011

Educação

Paloma, futura pedagoga

Mensagem para os professores e as professoras
* Caramurú Paiva

O escritor Guimarães Rosa certa vez escreveu que “mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”. Acabou o tempo onde o professor ou a professora era obrigado a saber tudo. Agora é preciso saber muito mais. Para desenvolver os dons de um aprendiz, o educador moderno tem de ter olho clínico para descobrir aonde se esconde o botão que desabrocha o talento em cada um de sua sala.

Em cada tempo os seus desafios. Hoje falta o respeito dos discentes com os docentes. Sem saudosismo, havia num passado, que alcancei em Campo Grande, uma maioria de alunos e alunas que dedicavam uma grande cota de admiração e reconhecimento pela autoridade para com quem ensinava. Por exemplo, até os dias atuais não consigo chamar ela, se não, por D. Maria Cabral, acrescida da devida carga de obediência diante de uma pessoa tão importante no meu aprumo.

Apesar dessa onda de desqualificação social que passam os professores e as professoras, outro dia eu conversei com Karlinha (16 anos), sobrinha do meu amigo Piolho, e me surpreendi com o sonho dela de ser pedagoga. Lá em casa as duas menores (Mel e Açucena) também se revezam no sonho de darem continuidade a profissão da mãe, principalmente depois de se encantarem com o relacionamento adquirido com a professora Solange da Casa de Cultura.

Afeto entre quem aprende ensinando e quem ensina aprendendo é uma característica de antes que chegou aos dias atuais. Particularmente, guardo a impressão de ter aprendido e feito muito mais amizades quando lecionei do que nos bancos das salas de aula. Exemplifico esta realidade num dos meus primeiros dinheiros recebidos quando fui contratado para dá aula particular de matemática a uma colega de turma e ganhei de volta aulas riquíssimas de português. Isto tem mais de vinte anos de acontecido com minha até hoje amiga Josenúbia Fernandes e D. Maura.

Não consigo entender como alguém pode tratar mal um professor ou uma professora. Parece às profecias do fim do mundo acontecendo quando assistimos na TV que um garoto de 10 anos entrou na sala de aula e deu um tiro na professora. Eu me coloco na posição de aluno, olho para trás e vejo com carinho Manoelzinho Galego, Terezinha de Valdécio, D. Maria das Graças, Eider Vieira, Nega Rita, professor Chico Moura, D. Auxiliadora de Pedro Moura, Rosângela Bezerra, Inez Almeida, minha paixão do primeiro ano Vilani, Nilson Satlher, professora Clarete, Eulâmpia, Edvânia, Araújo, Jacinta e tantos outros nomes inesquecíveis. Pensando nestas pessoas, fico a imaginar que era capaz de, se levasse um tiro de um deles, dizer “eu ti amo”, mas jamais teria condições de atacar algum desses que tanto me deram em conhecimentos.

Neste sábado (15) eram para estarem abertas as câmaras de vereadores, assembléias de deputados e o congresso nacional fazendo audiências especiais para darem títulos de honra ao mérito para as centenas de milhares de professores e professoras deste país afora que valem e fazem muito mais do que as remunerações recebidas. Não é com isso que eu concorde com Cid Gomes na afirmação que como vocação, professor só deve comer, vestir e ganhar amor (uma moeda virtual que não paga a bodega, embora seja fundamental para esta e todas as profissões que compõem a sociedade atual onde uns  parecem não exercitarem muito o amor ao próximo). Só acho que professor precisa de mais respeito para exercer melhor a sua profissão. E isto é fundamental para uma nação que deseja ser feliz.


* Caramurú Paiva, vice prefeito de Campo Grande/RN


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